Seminário aberto ao público discute memorial às vítimas da tragédia da Kiss

Mesmo com o desafio financeiro e algum tempo pela frente até a construção do projeto, o Memorial às Vítimas da Tragédia da Boate Kiss já é uma realidade para familiares e pessoas solidárias aos que estavam no incêndio de 27 de janeiro de 2013. Nesta sexta-feira e sábado, especialistas em arquitetura e uma socióloga irão ministrar sobre o tema em um seminário gratuito e aberto ao público. 

Foto: Gabriel Haesbaert / NewCO DSM

Para os organizadores, o evento é uma importante fase do projeto e, após a sua conclusão, será possível ter uma ideia de como será a estrutura do memorial.

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O seminário é realizado pelo Instituto de Arquitetos do Brasil do Rio Grande do Sul (IAB-RS) e Associação de Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) com o apoio da  Prefeitura de Santa Maria e durante o evento será feito um Termo de Referência, que servirá de ponto de partida para o vencedor do Concurso Público Nacional de Arquitetura, a próxima etapa do projeto do Memorial.

— Esse evento está acontecendo para que a gente possa enxergar quais as possibilidades para o memorial que será construído em Santa Maria — ressaltou um dos organizadores palestrantes, Tiago Holzmann da Silva, arquiteto do IAB-RS.

Tiago irá mostrar para o público, na noite desta sexta-feira, exemplos de memoriais que foram construídos em outros lugares. Será o ¿Memoriais pelo Mundo: apresentação de exemplos de memoriais no mundo inteiro¿. Essa parte do seminário acontece depois da palestra de introdução, onde a jornalista e arquiteta, Manoela Ilha, mestre em Patrimônio Cultural, explicará os conceitos de memorial.  

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Ainda na noite desta sexta haverá um debate presidido pelos organizados, onde os participantes poderão contribuir com ideias e opiniões sobre o memorial.  Em nome dos enlutados e pessoas que estavam no incêndio, a AVTSM manifestou que deseja que o espaço seja mais do que um local histórico.

— As pessoas tendem a achar que nós queremos só fazer uma espécie de museu, para ter a lembrança dos jovens. Também vai ser um espaço de lembrança, mas queremos que seja também um lugar para as pessoas se sentirem acolhidas, um lugar que as pessoas se sintam bem — disse o vice-presidente da AVTSM, Flávio da Silva. 

Homero Pinto de Bairro, 51 anos, que perdeu dois filhos no incêndio, acredita que o memorial pode ajudar a superar a dor.

— O memorial não vai trazer ninguém de volta, mas vai ajudar no esquecimento da tragédia e pode até ajudar outras pessoas — disse Bairro.  

— Essa dimensão de reconhecimento público que pode auxiliar no processo terapêutico de elaboração dos efeitos traumáticos das pessoas afetadas mais diretamente — observou o psicanalista Volnei Dassoler, integrante do Acolhe Saúde, serviço criado para atender familiares de vítimas e sobreviventes da tragédia. O seminário segue até sábado, mas no segundo dia será voltado para um público selecionado.

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— Pretendemos juntar cerca de vinte a trinta representantes da associação (de vítimas) e o restante de representantes da comunidade — comentou Tiago.

Esta fase terá a palestrante Eliete Gomes, que é socióloga. Ela irá falar sobre os conceitos e usos do futuro Memorial.

ARRECADAÇÃO

Com previsão de lançar o concurso público em outubro e restando 32 dias de arrecadação pelosite, a arrecadação tem pouco mais de R$ 24 mil até agora. A meta inicial do financiamento coletivo é de R$ 250 mil - valor que servirá para custear a etapa do concurso. Já a meta final, que absorveria o projeto inteiro, é de arrecadar R$ 500 mil. Durante o seminário também será possível contribuir. Segundo a organização, haverá computadores disponíveis para a contribuição.

PROGRAMAÇÃO 

 Sexta-feira
Local: Salão de Atos da Unifra (Rua dos Andradas, nº 1.614, Conjunto I – 4º andar)
- 18h30min: Cadastramento
- 19h: Abertura com AVTSM, Prefeitura e IAB-RS.
- 19h10min: Palestra ¿O que é um memorial?¿
- 19h30min: Memoriais pelo Mundo: apresentação de exemplos de memoriais no mundo inteiro
- 20h30min:  Debate
- 21h: Encerramento

Sábado:
Local: Auditório do CCSH (Rua Floriano Peixoto, nº 1.184 – prédio da antiga Reitoria)
- Das 9h às 17h: Oficinas participativas para familiares